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Muito além da compra

  • Nayara Martins
  • 21 de nov. de 2017
  • 8 min de leitura

“Conheça a economia colaborativa; a nova tendência de mercado que estimula a permuta de mercadorias e serviços, recuperando o senso de comunidade.”

Vivemos em um período onde somos incentivados a comprar cada vez um número maior de produtos. Adquirimos os mais variados objetos e em pouco tempo abandonamos seu uso.


A bicicleta, o violão, a furadeira, o sapato, a câmera ou o carro, que fica apenas na garagem. Pense em todos os itens que você não utiliza e estão em bom estado, ocupando espaço em algum cômodo da casa.

Já imaginou dar um novo significado para tudo isso? Até mesmo o local onde você deposita todas estas peças pode ganhar uma nova função, quando se trata da economia colaborativa.


Este tipo de prática comercial apresenta o conceito do compartilhamento. O modelo se baseia na relação de permutas feitas diretamente de pessoas para pessoas. Podem ser ofertados recursos humanos, físicos ou intelectuais, possibilitando o acesso a bens e serviços sem a necessidade de aquisição do produto.


Fazer amigos através do compartilhamento é a essência deste modelo de economia

Em alguns casos, o pagamento não precisa ter um valor monetário e a compensação pela atividade prestada ou pelo item alugado pode ser feita a partir de outra oferta. O principal objetivo é que todos os envolvidos, tanto os provedores, quanto os clientes, se beneficiem.

Senso de coletividade

Há cerca de vinte ou trinta anos atrás, era perfeitamente comum bater na porta do vizinho e pedir uma escada, um rádio ou uma forma para bolos emprestada. Os moradores de um mesmo bairro e adjacências eram amigos, pessoas do mesmo círculo social que conviviam e em muitos casos, consideravam-se família.


Fazer amigos através do compartilhamento é a essência deste modelo de economia


Com o passar do tempo, nós deixamos de interagir e nos aproximar daqueles que residem perto de nós. Atualmente, é comum não falar bom dia, não cumprimentar e, em diversos casos, nós não sabemos nem mesmo o nome do ‘vizinho de porta’, que vive no mesmo andar que o nosso há anos.


A vida em apartamento, principalmente, nas grandes cidades, tende ao solitário, ao individualismo; talvez por medo da interação com desconhecidos, por receio de parecer inconveniente ou devido à agitação do dia a dia. Mas que tal ver sua vizinhança como um lugar para ter e fazer amigos.

Vídeo: Reprodução Gol Linhas aéreas - Prêmio GOL Novos Tempos: Tem Açúcar?


Com o slogan: “Economize, seja sustentável e conheça pessoas incríveis”, o TemAçúcar? resgata a ideia de pertencimento a um grupo. A plataforma foi criada em em 2014 pela carioca Camila Carvalho e atua no segmento da economia colaborativa. A ideia do aplicativo é baseada em interações não monetárias e estimula o senso de pertencimento a uma comunidade.

Trazendo de volta o antigo costume de bater na porta do vizinho para pedir algo emprestado, mas, desta vez, com a ajuda da tecnologia, promovendo interações online.

Compartilhe idiomas, ganhe o mundo

Já pensou em realizar um intercâmbio cultural sem sair de casa? Esta é a proposta do Tandem. Atualmente com mais de 3 milhões de usuários, o slogan do aplicativo é “Fique fluente junto”; a ideia é dividir para somar.

O foco é o escambo de um bem não material de alto valor: o conhecimento. Ele funciona como uma rede social, o serviço é gratuito e permite iniciar bate-papos ou conversas de vídeo ao vivo com usuários ao redor do mundo.

Por meio da plataforma você pode definir tópicos como suas preferências de passatempos, assunto, idiomas e hobbies. Assim, fica mais fácil iniciar uma conversa ou treinar a língua estrangeira a partir interesses em comum.


Você se cadastra informando o idioma que pode lecionar e aquele que deseja aprender. Sendo uma oportunidade real de treinar seu conhecimento e compartilhá-lo.


Foto: Reprodução/Marvin Costa

A estudante de publicidade Daniela Almeida, 22 anos, revela que conheceu o Tandem em 2015, quando buscava aplicativos para aprimorar seu inglês. Logo, ela começou a lecionar a língua para pessoas de todas as partes do globo terrestre. A estudante conta que o aplicativo é uma janela para o mundo, suas principais interações foram com pessoas da França, Itália e México.


“Você conhece pessoas de qualquer lugar do mundo que você possa imaginar!”

Daniela Almeida, usuária do aplicativo Tandem


A jovem aponta que as conversas iniciam pelos idiomas de interesse. “Eu sei falar francês e quero aprender inglês. Vi no seu perfil que você fala inglês e pretende aprender inglês.” E assim começam as interações e até mesmo possíveis amizades.


Aprenda idiomas com nativos da língua independente de onde estiver

O aplicativo não permite nenhum tipo de assédio, seja ele sexual, racial, moral ou qualquer outra forma de inconveniência que possa deixar os usuários desconfortáveis. Sendo um dos principais pontos positivos que Daniela destaca: “Existem aplicativos onde as pessoas iniciam conversas com outras intenções. Mas este é muito bom, pois é totalmente voltado para o aprendizado da língua.”


Economize com a hospedagem

Falando em aprender novos idiomas, logo pensamos em viagens. Não é mesmo? E, neste modelo, um cômodo vazio pode ganhar uma função bem mais interessante do que armazenar coisas; pode abrigar pessoas e suas histórias.

O tempo onde guardávamos itens que não utilizamos em alguma área de nossa casa, deve ficar no passado. O futuro caminha para um consumo responsável e nele, todos os espaços são funcionais, não existindo possibilidade para o acúmulo.

O Airbnb é uma plataforma onde pessoas disponibilizam casas e quartos para aluguel por curtos períodos de tempo (finais de semana, férias ou feriados). O que é interessante para o consumidor, devido ao valor, que costuma ser mais baixo que o mesmo serviço em um hotel ou pousada, além da comodidade e conforto de ter um espaço reservado para você.

Economize com hospedagem e tenha o suporte de moradores locais

Suzana Markus é produtora cultural, desde que ela e o marido conheceram o Airbnb, raramente escolhem hotéis ou pousadas como meio de hospedagem. Ela revela que a experiência gera momentos únicos e preciosos.

“Ficar em uma casinha ou alugar um quarto é muito melhor. Principalmente quando viajamos para outro país, pois ficamos com pessoas que moram no local e que nos apresentam dicas de lugares onde eles mesmos frequentam.”

Suzana Markus, produtora cultural

Suzana conta que já ficou hospedada pelo Airbnb em Barcelona, Nova Iorque, Cuba e Rússia, sempre buscando vivenciar as atividades da comunidade local.

“Eu e meu marido gostamos de visitar não só os lugares turísticos em uma cidade, mas também os locais aonde os nativos vão, sendo geralmente os que mais nos encantam. Nós gostamos de sentir o que eles sentem; viver o que eles vivem e experimentar o que eles estão acostumados, buscando a essência daquele destino.”

Suzana Markus, produtora cultural

Além de usuária, Suzana também é anfitriã na plataforma Airbnb. Ela disponibiliza a Casa de Sarandira, para finais de semana e temporadas.

A produtora cultural revela que nunca houve problemas na locação da residência. Apontando que todos os visitantes sempre elogiam a casa, assim como o distrito.

Casa de Sarandira/Reprodução: Internet

“Deixamos tudo arrumado e algumas lembrancinhas para nossos hóspedes. Além de indicações de produtos como doces, queijos, artesanato e locais para visitação. Existe um livro da casa, onde todos que passam por lá deixam um recado, que são sempre muito amáveis.”

Suzana Markus, produtora cultural

O distrito de Sarandira fica localizado a 25 km de Juiz de Fora, é repleto de belezas naturais e não conta com hotéis ou pousadas, portanto, a possibilidade de alugar uma casa para o final de semana é inovadora.

Conheça Sarandira/Vídeo Reprodução: Sarandira Criativa


Suzana destaca que pretende aumentar o número de hospedagens no distrito através do projeto Sarandira Criativa, buscando auxiliar outros proprietários a disponibilizarem casas ociosas para aluguel no mesmo sistema.

“Com os eventos que estamos planejando para 2018 no distrito, a demanda para hospedagem irá aumentar, desta forma, o aluguel de residências ociosas é bom para o turista que será bem acolhido, assim como para o proprietário, que terá uma renda extra.”

Suzana Markus, produtora cultural


Dentre os atrativos do distrito estão a cachoeira de Sarandira, a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, patrimônio tombado pelo Iphan, o chafariz centenário de Sarandira, agora revitalizado e a charmosa vila, que recentemente ganhou mais cor através de pinturas realizadas por artistas do Instituto Amado.


Os horários de ônibus um tanto quanto limitados, muitas vezes impedem os turistas de desfrutarem ao máximo do destino, tornando a hospedagem algo inovador e extremamente importante.

Menos trânsito, mais ar puro

Carro compartilhado: economia colaborativa beneficia todos os envolvidos

Utilizar ônibus ou metrô na maioria das cidades brasileiras, infelizmente, é uma tarefa desafiadora, afinal, não existe a valorização do consumidor, com passagens que custam caro para um serviço tão deficitário. Então que tal partilhar o transporte, a partir de um serviço eficiente?


Este ano, a empresa Uber, lançou no Brasil a UberPool. Com a nova plataforma é possível compartilhar corridas e economizar 30% a mais em suas viagens. Quando você solicita dividir um carro, o aplicativo aciona pessoas que estão por perto, indo para lugares próximos ou em rotas similares a sua que também desejam repartir os gastos com deslocamento.


Outro serviço semelhante é o BlaBlaCar, onde é possível oferecer e receber caronas reduzindo assim, os custos com transporte. Este serviço é oferecido de pessoas para pessoas, ao contrário da Uber não existe intermediação do servidor, você seleciona com quem irá viajar.


Dividir os custos da viagem vale muito mais a pena do que você imagina/Foto: Reprodução BlaBlaCar


Para quem não é fã de aplicativos, existem os grupos de carona, amplamente conhecidos em redes sociais como Whatsapp e Facebook.


A estudante de Engenharia Mecatrônica Walesca Dias, 23, é natural da cidade de Santos Dumont, na Zona da Mata mineira. Morando há mais de cinco anos em Ouro Branco, a jovem é adepta das caronas compartilhadas. Ela revela nunca ter utilizado aplicativos como o BlaBlaCar ou UberPool, porém, encontrou nos grupos interativos das mídias sociais o seu principal meio de deslocamento para visitar a família em sua cidade natal.


Além de um conforto maior, horários flexíveis, as viagens compartilhadas ainda proporcionam menos gastos. Quem oferece a viagem economiza no valor do combustível; quem participa como passageiro, além do valor - geralmente menor em relação ao transporte coletivo, - ganha em tempo, afinal, viagens de carro costumam ser mais rápidas se comparadas as de ônibus.


Walesca aponta que esta redução no custo e no tempo de viagem foram os fatores mais atrativos para aderir às caronas. Mas também destaca que a oportunidade é excelente para fazer novos amigos.


"Quanto mais fidelizada for a carona, maiores as chances de amizade. Pois durante a viagem nós conversamos sobre os mais diversos assuntos, podendo encontrar pontos e interesses em comum. Descobrindo pessoas que vamos levar para a vida."

Walesca Dias, adepta de viagens compartilhadas

Dividir viagens também é uma ideia mais sustentável, afinal, reduz o número de carros nas estradas e em consequência diminui os poluentes na atmosfera e o trânsito nas avenidas.


Economia colaborativa e o mercado

Para o economista Michel Souza, este novo modelo de consumo tornou-se uma tendência exatamente por causa da sustentabilidade. Destacando que a ideia de dividir é bem mais próspera do que produzir.

Os impactos socioambientais que cada produto gera são extremamente significantes, sendo os mais diversos, desde a extração de recursos naturais para desenvolver algum item, ao gasto de energia durante sua fabricação e transporte. O descarte também é um problema, pois ainda não é feito da maneira ideal. Portanto, trazer um novo significado para o objeto é muito melhor do que inutilizá-lo.


O modelo visa reduzir gastos individuais, bem como impactos no meio ambiente

O autor de best-sellers, Jeremy Rifkin, no início deste século, já falava sobre a predisposição a modelos iguais ou semelhantes às redes de compartilhamento. Em seu livro, “A Era do Acesso” (2000), o norte-americano, aponta que a economia atual está a caminho de uma transição da posse para o acesso de bens e serviços.


Rifkin afirma que as pessoas, cada vez mais, vão pagar pelo uso em detrimento à propriedade do objeto ou experiência. Destacando que o mercado ao qual estamos acostumados com vendedores e compradores, também passa por mudanças, possuindo nesta nova era fornecedores e usuários.


Na Era do Acesso, Rifkin ainda ressalta que as empresas estão terceirizando atividades, reduzindo estoques, alugando equipamentos e imóveis. Ponto que o economista Michel Souza também destaca:


“Estudos financeiros mostram que é mais barato alugar um apartamento ou carro do que de fato comprá-lo.”

Michel Souza, economista.

O economista explica que atualmente são raras as empresas que compram um espaço, ou uma frota de carros. Uma vez que, o aluguel possibilita a mesma utilidade ou status, mas sem os gastos com manutenção.

Consumo e troca

Para quem deseja tornar-se mais do que um investidor ou ofertar produtos e serviços no modelo de economia colaborativa, o economista destaca:

“O fundamental para ter sucesso é investigar e perceber o setor no qual existem falhas de mercado e atuar nele”.

Michel Souza, economista.

Outro ponto importante é priorizar áreas que atinjam o maior número e diversidade de clientes, afinal, a economia colaborativa é sobre pessoas. Quanto maior o número de usuários compartilhando, mais próspero o negócio será.


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