Fantasy Games unem emoção de jogo real e virtual

Os fantasy games se tornaram uma febre mundial e não param de conquistar novos adeptos apaixonados por esportes ao redor do mundo. Esse tipo de jogo não é apenas mais uma forma de entretenimento, é uma das principais ferramentes de promoção e divulgação das grandes competições, como a Liga dos Campeões da UEFA , NBA, NFL, MLB, English Premier League, Fórmula 1, Campeonato Brasileiro e tantos outros eventos.

Cada fantasy tem suas peculiaridades, mas há uma coisa em comum entre todos eles: o jogador monta a sua equipe, e a pontuação depende do desempenho real dos atletas nos campos, ginásios, pistas... Um lance no jogo real pode decidir um confronto no jogo virtual. Um gol, uma assistência, uma rebatida, uma cesta ou uma interceptação pode ser a diferença entre a "dancinha da vitória" e o sabor amargo da derrota nesse jogo que muita gente leva a sério, até jogando valendo dinheiro.

Kemba Walker, jogador do Charlotte Hornets, virou meme ao comemorar cesta antes da hora

A origem desse tipo de jogo está nos Estados Unidos, no começo dos anos 1960, quando membros do time de futebol americano Oakland Raiders desenvolveram um conjunto de regras básicas que deram início ao que atualmente é conhecido como fantasy football. Mas foi nos anos 1980 que houve um desenvolvimento maior, se aproximando do modelo atual, com um refinamento na apuração das estatísticas dos jogos e surgimento do sistema conhecido como "A Rotisserie”, padrão de pontuação desenvolvido por um grupo de jornalistas esportivos para o fantasy baseball, que deu origem ao que temos hoje em dia. No fim daquela década, mais de 1 milhão de pessoas já jogavam fantasy football e fantasy baseball.

Popularização na era digital

A popularização viria nos anos 1990, graças à chegada da internet e de computadores mais sofisticados, que permitiram que criação de ligas, a contagem de pontos e o contato entre os jogadores se tornasse muito mais fácil, deixando a papelada de lado e as substituindo por telas computadores e programas sofisticados. Desde então os fantasy games se transformaram em uma ferramente importante de aproximação do público com os seus esportes favoritos.

Ainda nos anos de 1990 surgiram sites pagos e, no final daquela década, o portal Yahoo! lançou a primeira e inovadora plataforma de fantasy sports totalmente grátis. Foi um sucesso estrondoso, e até hoje a plataforma do Yahoo! é a mais popular do mundo quando o assunto é fantasy de esportes americanos: NFL (futebol americano), NBA (basquete), MLB (baseball) e NHL (hóquei sobre gelo). Atualmente, mais de 60 milhões de pessoas participam das ligas de fantasy desses esportes.

Confronto da liga Keeper Jumper Brasil, no Yahoo! Fantasy Basketball

Co-fundador do Jumper Brasil - site especializado em NBA -, Gustavo Freitas (39) é apaixonado por basquete e por fantasy basketaball desde muito antes desse tipo de game se tornar popular no Brasil. "Eu acompanho a NBA desde 1995 e jogo fantasy basketball desde 1998, quando ainda tinha pequeno alcance aqui no Brasil. Comecei no da ESPN e, posteriormente, passei a jogar no Yahoo!, que atualmente é o meu favorito. Também jogo o fantasy da NFL"

Gustavo Freitas e a equipe do Jumper Brasil organizam as ligas de Fantasy Basketball "Jumper Brasil", as "Ligas NBA Brasil" - que são divididas em Séries A, B, C e D, cada um com 20 participantes que levam o jogo muito a sério -, além de organizarem um fantasy semanal para os leitores do site Jumper Brasil, que conta com dezenas de participantes durante todas as semanas em que a bola sobe para jogos da NBA.

Editor do Jumper Brasil, o jornalista Gustavo Lima (35) acredita que as ligas que eles organizam servem como uma forma de aproximação dos leitores do site com os jornalistas e colunistas que fazem parte da equipe: "As ligas do Jumper e o fantasy semanal são bacanas porque possibilitam aos leitores do site a oportunidade de uma disputa entre eles e com alguns dos responsáveis pelo Jumper. É uma forma de aproximar o site do público."

Everaldo Marques, Rômulo Mendonça, Gustavo Freitas e Gustavo Lima no "ESPN LEAGUE", programa de esportes americanos do canal de TV por assinatura ESPN.

Os fantasy games servem como uma forma de interação virtual e de aproximação dos fãs dos esportes com os times, os jogadores e com a competição esportiva em si. Em alguns casos é o primeiro contato dos novos adeptos do esporte com estatísticas do jogo e com jogadores de menos sucesso, que atuam em equipes que têm menos repercussão na mídia.

"O fantasy é importante para popularizar o esporte. Por causa dele, os participantes passam a acompanhar os jogos com maior atenção e periodicidade. Ajuda o pessoal mais novo a começar a entender os pontos fortes e fracos dos atletas em quadra."

Gustavo Lima, jornalista e editor do site Jumper Brasil

Fantasy à brasileira

No Brasil houve e ainda há várias tentativas de emplacar fantasy games locais, como o "Minha Equipe Stock Car" - o fantasy da maior categoria do automobilismo nacional - e o Guillotine MMA, um game brasileiro dedicado ao UFC. Tentativas como o "Rei da Liga" - que era o fantasy game da Liga dos Campeões produzido pelo canal de televisão Esporte Interativo - e outros de futebol também existiram, só que a maioria não obteve sucesso. O Cartola FC é o único caso de sucesso de um jogo desse tipo feito no Brasil, tendo mais de 3 milhões de usuários ativos atualmente.

Time escalado no Cartola FC

O promotor de eventos Nilson de Souza Júnior (32) já participa do Cartola FC há mais de 10 anos. "Eu ouvi falar do Cartola a primeira vez em 2006, comecei a jogar em 2007 e desde então joguei em todos os anos. No começo não era essa moda que é hoje e fui eu quem convidou a maioria dos meus amigos que começaram a jogar. Atualmente eu participo de diversas ligas, algumas valendo dinheiro. Tem ligas com os meus amigos do bairro, liga aqui da cidade, de flamenguistas e várias outras."

O fantasy game do Campeonato Brasileiro de futebol, que é promovido pela Rede Globo, foi totalmente gratuito entre o seu lançamento, em 2006, até o ano de 2016. Nesse ano, o Cartola passou a dar a opção aos jogadores de ser o chamado "Cartoleiro Pro", que é a versão paga do jogo, que dá algumas vantagens ao participante, como participar de mais ligas com a mesma conta, criar ligas no modelo mata-mata e levar prêmios como vale-compras caso obtenha uma das maiores pontuações na rodada entre todos os que assinaram o pacote, que atualmente custa R$ 39,90 e vale durante todo o campeonato.

Foto divulgação do Cartola Pro

Muita gente se tornou um "cartoleiro Pro". É o caso do promotor de eventos Nilson de Souza Júnior (28), que joga há mais de dez anos.

"Eu tenho quatro contas diferentes para poder participar de todas as minhas ligas e pago o Cartola Pro na minha conta principal. Comecei a participar de ligas valendo dinheiro em 2011, e aí o jogo ficou ainda mais emocionante. Saí de só zoar os amigos quando os vencia e passei a também ganhar o dinheiro deles", conta em meio a risos o promotor de eventos Nilson Júnior.

"Uma das ligas pagas que participo tem 30 pessoas, cada um pagou R$ 150 para participar. No fim do Brasileiro, o campeão da liga vai levar R$ 2.500. Eu estou na vice-liderança e indo pra cima do líder. R$ 2.500 daria uma belíssima ajuda no Natal e réveillon"

Nilson Júnior, promotor de eventos e apaixonado pelo Cartola FC