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Pranchas em um mar de morros

  • Thiago Viana
  • 19 de out. de 2017
  • 7 min de leitura

Grupo de surfista de Juiz de Fora faz bonito pelas mares do Brasil

A distância de Juiz de Fora para o mar não é barreira para os apaixonados por surfe do JF Surf Club, um grupo composto por pessoas que se reúnem para pegar onda aos fins de semana, feriados e qualquer outra oportunidade que apareça para viajar para uma cidade litorânea. O JF Surf Club foi criado em 2011 a partir da ideia dos amigos juiz-foranos Bruno Machado e Diogo Mattos de encontrar mais pessoas dispostas a participar das viagens que eles faziam para surfar.

"Eu montei o grupo do Facebook e as pessoas foram surgindo aos poucos, algumas nos encontravam por acaso e outras por indicação", conta o representante comercial e surfista Bruno Machado. "O grupo nasceu da necessidade minha e do Diogo de encontrar mais pessoas dispostas a participar e dividir as despesas de viagem, como pedágios, gasolina e hospedagem. Nos dois primeiros anos do grupo, éramos apenas cinco os que viajávamos juntos. Foi a partir do terceiro ano que a coisa começou a tomar forma e foram surgindo novos parceiros."

Galera do JF Surf Club surfando na Praia de Grumari, no Rio de Janeiro

O grupo na rede social conta com cerca de 250 membros e é aberto para pessoas da região que surfam ou que desejam aprender. Além desse grupo, também há um no WhatsApp, onde são organizadas as viagens para destinos como Rio de Janeiro, Cabo Frio (RJ), Arraial do Cabo (RJ), Ubatuba (SP) e tantas outras cidades do litoral brasileiro.

Galera do

Amigos do JF Surf Club reunidos em mais um dia de surfe na Praia da Macumba, no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro

"Atualmente as trips e os bate-voltas dos fins de semana são marcados pelo nosso grupo de WhatsApp, que conta com mais de 50 juiz-foranos apaixonados pelo surfe", detalha Bruno. Segundo o surfista, pelo aplicativo os integrantes se organizam para pegar onda e quase todo fim de semana tem uma galera partindo para uma nova aventura.

"Qualquer pessoa que se interessar pode nos procurar no Facebook e se juntar a nós, mesmo aqueles que ainda não surfam mas que têm vontade de aprender e só precisam de um empurrãozinho"

Bruno Machado, representante comercial e surfista

Bruno já surfa há 16 anos

Da areia para as ondas

O bancário Diogo Mattos, 33, é um dos mais animados dessa galera. Natural de Juiz de Fora, Diogo sempre costumou passar férias na praia, mas não entendia o motivo do seu amigo Bruno ser tão louco por surf, até que começou a pegar onda com frequência em 2011 e ficou tão apaixonado quanto pelo esporte.

"Nós somos amigos há mais de 20 anos, e quando eu tinha os meus 18, 20 anos de idade eu não entendia o motivo dele ser tão fissurado em surfe, falando disso o tempo todo na minha cabeça enquanto eu só queria ficar na areia tomando cerveja", lembra Diogo. "Hoje eu entendo perfeitamente. O mais impressionante do surfe é que não importa o seu nível, você se diverte em todas as fases."

"No início, se você pegar uma marola e correr ela por 2 segundos, irá comemorar como se fosse o Gabriel Medina dando um aéreo fantástico ou tirando um tubo perfeito em um etapa decisiva do mundial. Aí você começa e não quer mais parar."

Diogo Mattos, bancário e surfista

Diogo Mattos surfando na Praia do Forte e na Ilha, em Cabo Frio (RJ)

Turistas do surfe

Quando há mais tempo, eles viajam para praias de São Paulo - como as da cidade de Ubatuba -, Espírito Santo e alguns vão surfar até no exterior, como o próprio Diogo, que acaba de voltar de El Salvador. Em um fim de semana normal, eles costumam fazer um bate-volta no Rio de Janeiro. Saem de Juiz de Fora por volta das 3h30, chegam ao Rio de Janeiro às 7h e passam o dia todo surfando, voltando para a cidade no fim da tarde.

O número de pessoas dispostas a pegar estrada para surfar foi aumentando, e a coisa foi ficando tão séria que a galera de Juiz de Fora começou a participar em peso de campeonatos como o Mineiro de Surfe - que é organizado por surfistas de Belo Horizonte - e do Desafio MG Storm, competição que já teve duas edições e foi criada pelo surfista baiano Angelo Hereda, dono de um hostel perto da Praia da Macumba - Zona Oeste de Rio de Janeiro - que recebe muitos surfistas de Minas Gerais e decidiu criar essa competição dedicada aos surfistas mineiros.

O surfista e empresário baiano Angelo Hereda é um dos grandes parceiros dos surfistas mineiros no Rio de Janeiro. Foto: Pedro Monteiro.

Campeonato de Surfe de JF

Além de participarem de campeonatos, os juiz-foranos organizaram uma competição própria. Em abril desse ano, em Cabo Frio, aconteceu o Primeiro Campeonato de Surfe de Juiz de Fora JF Surf Club Pro. Na primeira edição, que teve um caráter experimental, eles já conseguiram alguns patrocínios para as premiações e esperam que a segunda edição seja ainda melhor.

Juiz-foranos reunidos durante a primeira edição do JF Surf Club Pro, em Cabo Frio (RJ)

"Em abril organizamos o evento-teste mais para podermos começar e sentir se daria certo, e a resposta foi muito boa", avalia Bruno. "Tivemos um bom número de participantes e conseguimos alguns patrocínios do Rio de Janeiro, de Cabo Frio e também da imobiliária Souza aqui de Juiz de Fora. Já estamos correndo atrás de patrocínios, e ano que vem vamos tentar dar um ar mais profissional ao evento, que já foi bem bacana esse ano. Deve acontecer novamente em abril de 2018, na Região dos Lagos."

Bom negócio

O Brasil é um mercado enorme no surfe. Atualmente, o país só fica atrás dos Estados Unidos quando o assunto é audiência das competições da Liga Mundial de Surf (WSL) e na interação das redes sociais da liga. O esporte movimenta bilhões de reais por ano com venda de pranchas, roupas e acessórios no país, com várias cidades sem mar tendo lojas dedicadas a acessórios da modalidade.

A tendência é que a popularidade do surfe siga aumentando com o sucesso de brasileiros como Gabriel Medina, Adriano Souza, Felipe Toledo e tantos outros integrantes da "Brazilian Storm", que vem obtendo resultados expressivos nos torneios internacionais, incluindo o título mundial de Medina no ano de 2014 e o do "Mineirinho" Adriano de Souza, em 2015.

Dois gigantes do surfe brasileiro, Adriano de Souza e Gabriel Medina se enfrentaram na final do Pipe Masters 2015

Apesar do sucesso dos atletas brasileiros e dos milhões de fãs e praticantes do esporte ao redor do Brasil, o apoio ao surfe profissional ainda não é grande por aqui. No caso dos surfista amadores, é quase nulo. É basicamente a comunidade do surfe que se autossustenta, como fazem os membros do JF Surf Club.

Mais que pranchas e ondas

A relação deles com o surfe é profunda, o que os leva muitas vezes a colocá-lo como prioridade, investindo nas viagens e até mesmo mudando o estilo de vida.

"O surfe mudou muito meu estilo de vida. Ao invés de sair pra beber aos fins de semana, de ir para a noitada, eu comecei a dormir cedo pra surfar", relata Diogo. "Muda o estilo de vida. Você começa a dormir mais cedo, se cuidar mais, pois o surfe acaba exigindo do corpo. E isso é bom. Além disso, eu sempre gosto de conhecer lugares novos, praias novas. O surfe não é só ficar em cima de uma prancha, envolve todo um contexto. Estar junto com os amigos, chegar na praia sem saber exatamente como vai estar o mar e o contato e a conexão com a natureza mesmo."

O surf também significa muito para Bruno. É um estilo de vida, uma conexão espiritual. "É um universo em que só quem experimenta faz ideia de como é. Não envolve apenas entrar em uma onda com uma prancha, mas sim toda uma cultura, um estilo de vida, visão de mundo e plenitude espiritual. Surfar é se conectar consigo mesmo e buscar a felicidade naquilo que o dinheiro não influi. É não trocar um dia de surf com céu azul e sol numa praia deserta e preservada nem por todo o luxo que uma fortuna pode te proporcionar."

"É uma conexão que passamos a ter com a natureza, com o mar, com uma vida mais simples. Mais vontade de viver, conhecer, viajar. De sentir que tudo é secundário e que o primordial é buscar a felicidade nas coisas que são de graça e qualquer um pode experimentar."

Bruno Machado, representante comercial e surfista

Segundo Bruno, o tempo para se aprender a surfar de forma satisfatória é proporcional ao tempo de dedicação. Uma pessoa que só surfa nas férias e feriados tende a não atingir um nível mediano. Mas quem se dedica e busca surfar quase todo fim de semana, em menos de um ano já pode estar surfando acima da média. "Claro que varia de pessoa para pessoa, mas uma coisa é certa: qualquer um pode surfar, basta se dedicar".

Diogo compara o surfe com outro esporte que ele praticou e conta que cada passo do aprendizado é gratificante e prazeroso: "Eu gosto de associar ao jiu-jítsu, que eu pratiquei por um bom tempo. Você não começa lutando na primeira aula, pois primeiro você aprende a cair, depois o rolamento, posteriormente alguns movimentos, os primeiros golpes e assim vai. No surfe é mesma coisa. Primeiro você aprende na areia a se posicionar numa prancha, depois aprende a remar, em seguida por onde entrar no mar, aprende a leitura de mar, para só depois ter a chance de tentar lutar para ficar em pé. Até lá, caldos e mais caldos virão. Só que cada uma dessas fases é um prazer e uma conquista, que servem para valorizar quando você realmente consegue pegar onda. E uma frase que sempre levo comigo sempre é a seguinte: O melhor surfista é aquele que mais se diverte".


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